Valorização e divulgação da arte e dos artistas brasileiros e japoneses. Com essa proposta, está sendo realizado o evento no Pavilhão Brasil, organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). A mostra, que começou no dia 20, vai até o dia 21 aberto ao público.

O evento mostra os diferentes trabalhos culturais que ligam os dois países num ano especial, pois 2025 marca os 130 anos do Tratado de Amizade entre o Brasil e o Japão. Essas artes estão reunidas na “Coletânea Cultural Brasil e Japão”, uma publicação de 78 páginas escrita em português e japonês.

O diretor do Pavilhão Brasil, Pablo Lira, destaca que “o evento tem significado especial por celebrar os 130 anos dessa relação eterna entre o Brasil e o Japão”. A realização da coletânea é de Débora Akama, Erika Hagimoto e Tisae Sanefugi. “É um evento de importante conexão, cada artista é um protagonista e a coletânea é uma ponte entre o passado, presente e futuro”, disse Débora. Para Erika Hagimoto, “a verdadeira riqueza surge no diálogo entre mundos”. “A coletânea é um manifesto de integração, de esperança, nascendo do esforço conjunto de artistas e instituições”, declarou Tisae Sanefugi.

O evento contou com a presença surpresa da empresária Chieko Aoki, que também faz parte do Grupo Mulheres do Brasil. “A coletânea é algo inédito e marcante para a comunidade brasileira, japonesa e nipo-brasileira”, declarou.

No sábado, dia 20, o público conferiu a performance de capoeira de Alessandro José da Silva. Ele se dedica a essa arte-luta há 15 anos, ampliando a prática para a Capoterapia, ou seja, integrando mobilidade,
musicalidade e bem-estar para os praticantes no Japão. A roda de capoeira é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

No domingo, o show foi com a cantora, compositora, produtora musical, preparadora vocal e regente coral Michele Costa Damião Aquiyama. Ela subiu ao palco aos 11 anos e começava a trajetória profissional dela. Ela tem influência de Elis Regina e Tom Jobim e vivências com canto lírico na Universidade São Paulo (USP). Atualmente reside no Japão.

Outra apresentação será da professora, coreógrafa Sandra Matsumoto. Ela vive no Japão e desenvolveu uma modalidade de dança com botas que absorvem o impacto. Denominada de Sky JUMP, essa performance vem se espalhando pelo Japão com mais instrutores. O repertório da dança inclui o folclore brasileiro como Carnaval e Festa Junina (festa realizada em junho com dança e comida típicas).

Artistas ecológicos
O evento também teve exibição de artistas que produzem de forma ecologicamente correta. É o caso do shaper ou fabricador de pranchas de surf, Rodrigo Matsuda. Ele exerce essa atividade há 20 anos.
Apaixonado pelo esporte, começou a fazer pranchas de madeira porque tinha problema respiratório. As convencionais usam isopor e resina e não eram próprias para a condição de saúde dele. Morador em Kyoto, ele usa o cedro para fabricar as pranchas. “Os cursos das montanhas lambem a casca da árvore que acabaria sendo descartada, mas com projeto em conjunto com a cidade de Kyoto, utilizamos essa madeira para fazer as pranchas”, disse, revelando que uma prancha de madeira pesa somente 150 a 200 gramas a mais do que a convencional.

Outro material sustentável apresentado foi do arquiteto e urbanista Gustavo Dicieri Tanaka. Ele mora em Aichi e exerce a atividade há 10 anos no Japão. Ele mostrou uma mesa de madeira kusunoki, que seria descartada por ter sido prejudicada por cupins. “Faço tratamento com óleo natural e água para dar brilho e o design é natural, como é o propósito da bioconstrução”, salientou ele que já fez outras peças como luminária e cadeira.